terça-feira, 30 de outubro de 2012


POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola.
Campinas, Mercado de Letras, 1996, 95 p.

FRAGMENTO DA RESENHA DE  Maria Helena da Nóbrega

"A primeira tese proposta pelo autor lembra que a escola não pode esquecer-se de seu papel no tocante ao ensino de língua materna:
ensinar o português padrão. “Qualquer outra hipótese é um equívoco político e pedagógico.” (p. 17)

Lembrando que, do ponto de vista cognitivo, o falante pode dominar vários registros linguüísticos, só é difícil ensinar o português padrão a alunos das classes socioculturais desfavorecidas, cujo contingente vem aumentando desde a década de 60, quando a escola passou a acolher cada vez mais um enorme número de pessoas advindas de classes sociais sem a menor desenvoltura na modalidade linguística prestigiada. Isso decisivamente criou uma nova realidade nas salas de aula, cada vez mais marcadamente heterogêneas do ponto de vista linguístico, em função dos níveis socioculturais diferenciados. Essa heterogeneidade vaza para todas as outras linguagens: diferentes modelos de comportamento, diferentes concepções de mundo, diferentes escalas de valores, diferentes formas de atuação no mundo, etc. Assim, uma das formas de alcançar o domínio da norma padrão pode ser a ênfase na escrita e leitura com freqüência, também nas
aulas de português. As atividades de ler e escrever devem frequentar assiduamente a aula de língua materna, não devendo ficar apenas como tarefa extraclasse."